Ao longo dos últimos 50 anos, o supply chain modificou-se e modernizou-se demandando de seus players inovação e uma visão cada vez mais global das operações. Estar à frente de uma das consultorias mais sólidas, com atuação em todo o mercado europeu e latino-americano, traz um background que poucos executivos possuem. Nesta entrevista, Jean Patrice Netter, presidente e fundador da DIAGMA | smarter and more sustainable Supply Chain designers, aborda os maiores desafios do supply chain na atualidade que envolve tecnologia e sustentabilidade.
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Como foi a concepção e o processo de implantação de uma consultoria especializada em Supply Chain e Logística?
JPN: No início dos anos 70, ainda não falávamos sobre Cadeia de Suprimentos. Mas os problemas de otimização dos fluxos de produção e distribuição já existiam. Começamos a trabalhar para clientes como os correios franceses redesenhando sua rede de distribuição e com cervejarias (como Kronembourg e Heineken), no planejamento de produção e presença industrial. O objetivo ao criar a consultoria DIAGMA, em 1973, foi colocar nossa rigorosa abordagem matemática a serviço da otimização dos fluxos produtivos e logísticos. Queríamos ajudar as empresas a melhorar seu desempenho realizando estudos quantitativos, que permitissem tomar as melhores decisões organizacionais com base em nossos cenários de modelagem de negócios.
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Atualmente, a Diagma atende a diversos projetos, de diferentes portes, setores e regiões – cada um com suas especificidades. Como conciliar uma atuação tão ampla? Existem características comuns nos projetos?
JPN: Os projetos de consultoria que realizamos são, de fato, muito variados em termos de temas, setor de atividade ou região geográfica. Mas a nossa missão continua sendo ajudar as empresas a desenhar, montar e operar uma Cadeia de Suprimentos que tenha inteligência para se adaptar ao seu modelo de negócios, atendendo seus clientes, para criar valor duradouro. Se tivéssemos que encontrar pontos em comum em nossos projetos, em última análise, diria que é sempre uma questão de encontrar o melhor compromisso entre o nível de serviço, os custos e, cada vez mais, o impacto ambiental das decisões tomadas. É por isso que queremos tornar as Cadeias de Suprimentos mais inteligentes e sustentáveis. Procuramos otimizar o consumo de recursos para prestar o melhor serviço possível dentro das possibilidades de cada projeto.
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Você poderia citar e comentar as principais inovações tecnológicas que serão tendência no setor de logística?
JPN: As inovações tecnológicas são numerosas e aceleradas. Ao nível da Cadeia de Abastecimento, aumentar a automatização – através de sistemas de informação como ERP, APS, WMS, TMS, OMS, via soluções mecanizadas e/ou robóticas de coleta de encomendas em armazéns, entregas, etc. – e aliviar a escassez de recursos humanos é sem dúvida a tendência mais marcante.
Outra tendência marcante é a industrialização do processamento de dados. Trata-se de coletar dados automaticamente no campo (leitura de código de barras, RFID, sensores IOT, etc.), armazenando-os em sistemas de informação interconectados (bancos de dados, data lakes, plataformas de monitoramento E2E, etc.) e analisá-los (Inteligência Artificial, Machine Learning, Deep Learning) em detalhe e globalmente para tomar as melhores decisões, antecipar, planejar, ser alertado para reagir rapidamente.
Dada a complexidade a ser gerenciada na Cadeia de Suprimentos, os tomadores de decisão irão cada vez mais contar com sistemas automatizados que farão recomendações para que sejam mais ágeis e capazes de lidar com a incerteza, mantendo-se eficientes.
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Como os projetos de Supply Chain podem contribuir para a sustentabilidade ambiental das empresas?
JPN: A Cadeia de Suprimentos integra atividades de fornecimento, fabricação, distribuição e entrega. Assim, consome energia, matérias-primas, componentes e embalagens e emite resíduos, CO2 e gases do efeito de estufa. Para contribuir com a sustentabilidade ambiental das empresas, pode-se investir em projetos de otimização da Cadeia de Suprimentos, com produtos com design ecológico, reparados e reciclados, redes de distribuição encurtadas, caminhões cheios e transporte de baixa emissão, etc. A reengenharia de embalagens tornou-se uma questão importante na redução das emissões de gases do efeito estufa.
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